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Mostrando postagens de agosto, 2024

Queda

 Eu estou despencando, como uma pedra solta, Ela injetou angústia profunda em meu coração, Quando me lançou ao abismo, Sinto o ar cortante, um precipício em minha visão. Estou com os pés no céu, flutuando sem controle, Desde que ela me abandonou, sou um cometa em queda, Cada segundo, caio mais rápido, sem um farol, Nesse abismo de emoções, onde a solidão nos cela. Eu ascendo aos céus, como um pássaro audacioso, Pinto sorrisos no horizonte, minha ousadia é famosa, As sirenes soam, num grito de desafio, Se você não correr comigo, serei o próprio vazio. Estou caindo vertiginosamente rápido, no desespero, Na verdade da vida, há uma angústia que não sossega, Pensando em saltar para o desconhecido, sincero, Lágrimas que caem enquanto eu sigo, sem brecha. Não é uma mentira, que na vida dos doentes, Viramos as costas àqueles que nos deixam sem voz, Ficamos angustiados, com os pensamentos crescentes, Sobre saltar para o abismo, onde tudo é atroz. E continuo a cair, um precipício de temores,...

Carta aberta: Aida: O terra, addio

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    Apresento a todos um dos textos mais difíceis que escrevi em toda minha vida, em meados de 2023, após meses de longa reflexão e leituras árduas de clássicos da literatura brasileira. Estou publicando no meu blog, pois, neste ano, acabei me perdendo no caminho. Relendo meus textos, este é um dos que me traz ânimo, motivação e coragem para continuar com meus objetivos e não me deixar abater por acontecimentos triviais causados por terceiros para me prejudicar. Desde já, agradeço. Boa leitura e até a próxima! Aida: O terra, addio Enfim, empreenderei aquilo que deveras há muito deveria ter realizado, mas somente agora tomo a ação. Desconheço a razão subjacente a esta escrita, pois seria factível prosseguir com estas palavras reclusas no âmago de meu ser e prosseguir na minha jornada sem proferir sequer um termo, uma vez que a quem realmente importará com o curso das minhas decisões? No entanto, optei por acolher o amor pela escrita e não hesitar em expor o que em verdade sinto...

Incrível Bob Dylan

Agora é a hora, Canta ao universo, Que na noite passada No meu quarto ecoou uma melodia à Bob Dylan: Se houver menos afeto, menos prosa e acordes, Eu não encontraria meu caminho, Meus sentimentos se evaporariam sem a poesia, Canta ao universo, Não busco riquezas, Anseio apenas por meus versos, E com meu mundo encantado de sonhos, Quero tecer canções para Bob, que só vagueiam nas ideias. Canta ao universo: Vive, como se o último dia fosse, traz amigos para criar, Transforma a tristeza em sorriso cintilante, Demonstra ao mundo que ser Bob Dylan é possível, mesmo no próprio aconchego. Canta ao universo: Não deixes uma canção ressoar sem lembrar daquele que compôs, pois quem sabe outro Bob Dylan brote, Com harmonias tão belas quanto as suas, Em novos tempos, em nossas mãos há de repousar, O que nossos avós, um dia, amaram com fervor. H.a.a.

Carta aberta: Para aqueles que ficaram e para aqueles que se foram.

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" Para aqueles que ficaram e para aqueles que se foram." Eles podem ser o oposto de mim, seres que vagueiam em diferentes sintonias, talvez sem enxergar a mesma beleza que eu vislumbro na noite fria e simples, quando os mínimos detalhes a transformam em algo especial. A amizade, ah, ela é o tesouro supremo, a mais preciosa riqueza que o coração humano pode abrigar. Na última noite, em devaneios desconexos com a minha própria realidade, encontrei a alegria que me preenchia. Ao imaginar suas histórias, mergulhei num oceano profundo, além das dimensões do tempo e do espaço. Não me importava com as profundezas que aquelas narrativas me conduziam, tampouco se nelas aprenderia algo ou não. Apenas desejava nutrir meu espírito com suas tramas, embora jamais me visse inserido nelas, pois respeito demais suas lembranças para roubá-las. As histórias em que eu estava, revisitá-las não se tornava exaustivo, podia repeti-las incansavelmente, como uma lembrança sempre renovada. E a singelez...

A Sé

I  Eles falam com tanta bondade, - "Siga por aquele caminho", E concedem-me seus conselhos, crendo Que ouvirei, dócil, cada palavra miserável: "siga nossos passos". Eu respondo estupefato, (Há sarcasmo e falsidade em minhas palavras) E volto-me de costas, Para viver à minha maneira... Minha arte é esta: Escrever desgraçadamente! Não sigo os passos de ninguém. Eu existo sem querer, Assim como rasguei o véu da realidade Não, não seguirei o mesmo rumo! Sozinho, trilho o rastro de destruição causado por vós... A verdade que busco, nenhum de vós encontrou, Portanto, cesse de insistir na mesmice, falsos felizes. Escolho pisar no chão mísero da Sé, Igreja da imundície, Visto-me de andrajos, rastejo pela cidade corrompida de Tarso (ele choraria), Sede santos, pois eu sou o santo... Se existo agora, foi Apenas para explorar os pecados deste mundo, E escrever com meus olhos a desgraça desnudada, Mas nada do que escrevo transforma. Como posso ser como vós, Que me concedem dor,...

Quem sou?

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  ? Eu não sei! Ah, quem sou eu? Não sei! Apenas flutuo, pensamentos a vaguear, Uma explosão de sentimentos, a se desdobrar, Um sonho etéreo, talvez uma ilusão. Na vida: aqui estou, no agora, prestes a partir! Quem sou eu, oh mistério insondável? Não faço ideia! Sou pincelada num limiar sombrio, Que dilacera membros e alma, em amarga agonia, E nunca mais, oh nunca mais retornará! Não sei, não há necessidade de evocá-lo! Eu poderia ser uma estrela do rock, suicida e rebelde, Uma estátua em chamas, gato misterioso a arder, Ou a cruz do Salvador, símbolo sagrado e sublime. Não sei, apenas sofro pelos meus erros, Neste mundo destroçado e devastado, Sou apenas mais um a procurar um caminho, Neste frenesi, nesse caos desvairado. H.a.a.

Não sei, só sei que foi assim

...  Com sua pureza e simplicidade, Fez-me soltar gargalhadas, sorriso estampado em meu rosto. Nunca te vi com meus próprios olhos, Mas conheci-te nas letras que proferiste. Como ri, ah, como chorei, Mas minhas lágrimas eram de felicidade e júbilo. Através de tuas mãos, descobri o Nordeste, O cangaço e Manuel, de pele escura, Que bravura ele demonstrou em tuas palavras. Por que abandonaria minha amada terra brasileira, Para devorar livros estrangeiros, Se tenho Suassuna em minhas mãos? H.a.a.

As Musas

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  Hoje, não mais expiro meu fôlego, Não sei quantas vezes já pereci, Quantos segundos já se passaram por fim, E incessante é minha eterna morte. Não cessei e nunca iniciei, De tanto fenecer, sentimentos perdi, Pois quem sente apenas sofre, e não vive, Enxerga-se bem com o coração, é inerte quem não sente, Vigio com afinco, pois o essencial é invisível aos olhos. Meus sonhos e desejos murcharam sem flor, Unidos à minha alma, feneceram com dor, Mas novos sonhos irromperão, hão de surgir. Mero teatro sou, observo minha peça, Macabra, solitária e extraordinária, Vivo, porém, perdido no meu próprio eu. Por esse motivo, cauteloso, regresso à história, Buscando minha alma, sem alarde, O passado e vocês, esquecerei, Examinando minuciosamente o que senti e vivi. Eu sou o protagonista, o drama me envolve, E quando necessário, minha morte resolve. H.a.a.

MCMXCVIII

  Esse sou eu, apenas eu, um rapaz latino-americano, Raça propriamente desgastada e subitamente imprudente, Becos inundados de lágrimas sinceras do meu ego, Esse sou eu, eu propriamente dito. Fui o início, sou o meio, serei o fim, esse sou eu. Sou João, a construção e o Zepelim de Buarque. Sou Narciso, amei e deixei de amar, apenas para me admirar. E, na mesma sintonia, meus sentimentos são puros, extraordinários, Parece mais um sonho do que realidade, Você que criou o pecado me deixou jogado na vala, Para ser encontrado despedaçado na impureza majestosa. E, no mesmo ritmo, tenho demonstrado a dor, Como em meus pesadelos que acordo aliviado do falso terror, Lembro que o meu melhor está no meu inconsciente. Talvez, no mesmo ritmo, demonstre o ceticismo, Como acordar de um sonho sem a essência de Deus, É como falhar de forma magistral, É como embrulhar vários fracassos no meu túmulo, É como trocar todas as pessoas por um minuto de paz. Parece mais um sentimento singular metafísico, S...

O inconsciente II

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   Ah! Quisera, ao menos uma vez, escutar a voz de alguém, Que cometeu um erro grandioso, e assim proclamasse: "Isto é uma pantomima, um ludíbrio, um devaneio, Um sonho efêmero de uma noite de verão." Não, não são todos miseráveis, se confessassem Todos os seus pecados, perante minha alma atormentada. Quem, na vastidão do universo, pode provar-se inocente? Todos são gloriosos, em sua essência pecadora! Vade-retro, cansei dos super-heróis insípidos! Onde estão aqueles que sangram, que se abatem? Que fogem, pois hão de sangrar e chorar. Acaso sou eu o único pecador, o miserável, Neste mundo mergulhado em tormentos dilacerantes? Podem os homens temer a morte, Sem ao menos terem amado? Os homens jamais fraquejar! E eu, que tenho fraquejado sem sequer amar, Como posso falar dessas coisas, sendo incrédulo? Eu, que tenho sido sórdido, profundamente sórdido, Sórdido no sentido orgulhoso e maquiavélico. H.a.a.

Os Porcos Fascistas

Meus dentes rangem, gritos Abro as pálpebras trêmulas E deparo-me, desassossegado Com fumaças que abraçam o Brasil Sinto o cheiro acre de cadáveres putrefatos Meus perseguidores em cada esquina. Vivemos em guerra há quinhentos sóis Não encontro descanso Encontro indígenas mortos, insepultos Não somos felizes, Ilusão grandiosa, E por qual razão almejar a felicidade? Nossa terra manchada está, de sangue derramado Faminta, a corrupção nos consome Estupro, vileza entranhada. Sobrecarregados pela culpa Ameaçados ininterruptamente pelos conservadores, Caminhamos unidos através da guerra, Arrancando o mal pela raiz, Despedaçando, enfim, o fascismo. Nossa América Latina há de reencontrar o sorriso, E para sempre, Sem sangrar em vão. H.a.a.

Perfeição

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   Perfeição  Meu peito agoniza, distante De tua presença, no limbo me encontro vertendo lágrimas, Não basta um sentimento simplório e trivial Com que menosprezas essa terrível depressão. Não me basta possuir teus sentimentos Não apenas suplico por teu afeto: suplico Ter em minhas mãos tua pele suave, Ter no paladar a doçura de tua alma. E meus desejos egocêntricos me preenchem, Não me arrependo: por mais individualista que seja, Não há nada no mundo que me faça contemplar tamanha beleza; E por mais evoluído que eu seja, Ser homem ou mulher é a menor das hipóteses, Na maioria das vezes tão celestial, Conservar no coração toda humanidade, E amar verdadeiramente todas as almas. H.a.a. Ps. O amor habita em todos os corações!

O inconsciente I

  Em tempos sombrios, em meu âmago abatido, Jamais encontrei alguém tão ferido, Enquanto ao meu redor os campeões brilham, E sonhos vendidos são facilmente atingidos. Eu, um coxo, por vezes sujo, descrente, Eu, sem dúvida, um verme, Talvez vil, Eu, que sinto ansiedade ao tentar sonhar, Eu, muitas vezes repugnante, amargo, Me enrolo nas cobertas, no escuro do meu quarto, Fui orgulhoso, egoísta, egocêntrico, sórdido, pretensioso, rabugento, Sofro de hipocrisia e ódio, E, sem ódio, sou ainda mais covarde. Eu, que não nasci com o dom do riso, busquei ser Steve Carrel, Levar alegria e luz às existências que cruzaram meu caminho. Eu, que não fui agraciado com o dom da profecia, tentei ser Jesus Cristo, Aliviar as dores que afligem a todos, Com palavras que carregavam a promessa de dias melhores. Eu, que não era um revolucionário, ousei ser Che Guevara, Para libertar os oprimidos e vislumbrar a paz florescer No coração dos que tanto amo. Eu, que não era um poeta, busquei ser Edgar Allan P...

Sonhar

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... No meu sonho, sou um Psicanalista célebre, Analisando tudo que existe e tudo que se foi, Com pensamentos e desejos em pura harmonia, Versando a profunda melancolia. Nos meus sonhos, minhas palavras têm luz suficiente Para iluminar os lados mais sombrios da humanidade! E, insatisfeito, Esclareço aquele que colocou a vida na corda bamba! Ilumino a consciência daqueles que se cansaram da ironia da vida! Nos meus sonhos, salvo todos os mortais imperfeitos... Sou o que restou de Alexandrina, Com conhecimento puro e eterno, Na presença de todos os heróis que já se foram! E mergulho profundamente, Cada vez mais... Ao despertar, descubro que tudo não passava de um sonho! H.a.a.

A Existência

...   Eu sou aquele que não encontrou seu próprio mundo, A última peça do quebra-cabeça, ainda não encaixada... Sou irmão da dor, desse fardo que carrego, Pregado na Madeira, um peso sem fim. Névoa densa, obscura e tênue, Encobre meu destino doloroso, incerto e excluso, Levando-me diretamente à sepultura! Imaginação incompreendida, distante do próximo. Sou invisível aos olhos dos outros, Não choro em companhia da tristeza, Não sinto o que todos sentem, Talvez eu seja a criação da mente de alguém, Talvez esteja confinado em um manicômio, Imaginando alguém que nunca existiu. H.a.a.