É preciso te encontrar
...
Dentro de minhas lembranças,
Todas feitas de curtas-metragens,
Lá está quem amo tanto no presente,
Quem amei pouco sendo criança.
E ao vê-lo sentado, de mãos dadas,
Calado, com tantos pensamentos,
Sinto-o, como eu o sinto!
A memória engana, dança,
Rodopia e corre para te encontrar,
Te abraçar, te amar e dizer tanto,
Mas tanto, as tantas palavras guardadas.
Como eu tenho saudade...
Vovozinho, paizinho.
Abro as portas, as janelas,
E cadê o meu vovozinho?
Oh, como choro, paizinho.
Pinga a chuva, caem as lágrimas,
E peço perdão, perdão, perdão...
Por não te ouvir, por não te ver,
E sentar para conversar.
O lado do sofá vazio,
A cama vazia,
E o tempo vazio que não volta mais.
Escrevi para ti,
Para que lesses tantas das minhas cartas,
E folheasses as minhas páginas de arte.
Tornei-me poeta para que me visses,
Mas de todas as poesias que escrevi,
De todas as que queria que lesse,
O vento levou!
De ti, te amo tanto
E tanto quero te encontrar...
Na minha saudade, no meu coração.
E como é triste não te ter
Para adorar, para gostar
Do que me tornei, do que nos tornamos
E sentimos por ti.
A saudade escreve para não ser lida.
Vejo as letras e percebo
O quanto somos parecidos,
O quanto poderíamos ter dançado juntos,
Criado versos e crônicas...
Esta despedida enche os olhos de lágrimas.
Na tua viagem, não pude te ver,
E o que vi não trazia piadas,
Mas trazia histórias, palavras...
Me falta o ar, me falta o teu cheiro,
E o que vejo é o teu ser
Se dissipando no tempo.
E enquanto eu respirar,
Vou me lembrar de ti.
Somente vivendo me lembrarei de ti.
Nestas palavras, te guardo.
Sem te ter aqui, sentado ao lado,
O coração desmorona.
Nos repartimos sem o teu amor,
Sem tuas risadas,
Estamos repartidos com tua partida.
Mas unidos estamos.
Enquanto respirarmos, enquanto lembrarmos,
Nossos corações estarão colados ao teu.
Tua partida me anima
E me faz querer cantar, escrever,
Alucinar, abrir as portas do céu
Para te abraçar, vovozinho!
É preciso te encontrar,
Meu amor, meu paizinho,
Meu amado vovozinho!
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