Diário de um católico: amizade sem Cristo é uma amizade vazia

 


Agradeço por todas as amizades que fiz durante os meus dias na terra. Minha maior tristeza é que algumas não passaram de ilusões, tão vazias quanto um jarro sem água. Mesmo com palavras bonitas e a companhia de alguns, não transbordavam nem um copo d'água. E por que eram vazias? Por causa de um Verbo, aquele que se fez carne, um homem perfeito, para que pudéssemos alcançar as suas promessas e seguir os seus passos: Ele, Jesus Cristo.

Todos os sentimentos que senti e tudo o que escrevi para todos continua sendo verdadeiro. As palavras ditas ainda são as mesmas, e eu ainda penso o mesmo de cada um. Não penso mal, penso com amor, e o carinho permanece igual. Cada pequena ovelha me ensinou o que o mundo pode me dar e o que o mundo é, seja de maneira cruel ou gentil, de forma verdadeira. Elas me santificaram e ainda me santificarão. Me fizeram dizer "não" para chegar a Cristo, pois o que me ofereciam era triste, amargo e doloroso. Mas o que Jesus me prometia era magnífico, feliz e libertador para a minha alma. Se desisti de muitas amizades, significa que não voltarei, jamais retornarei, pois sei que é o fim. E está próximo o momento de me pregar a Jesus. Ele é o motivo de nunca mais ouvirem a minha voz ou sentirem a minha presença. Chegará o dia em que desaparecerei para todos, para estar flutuando em um reino distante, o mundo que eu nunca deveria ter deixado e que me fará sorrir outra vez. Estarei diante d'Aquele que sempre amei e amo a cada falta de fôlego e lágrima derramada. O meu sangue é d'Ele, e todo o meu viver está inclinado a quem verdadeiramente está comigo em todos os segundos da minha vida.

Se pudessem sentir o que sinto e entendessem o que é o amor, eu seria a pessoa mais feliz deste mundo. Porém, mesmo amando-O, não entendo completamente o significado desses arrepios, das alegrias que sinto ao falar com Ele e da vontade de me colocar em Seu lugar. Tudo o que vem acontecendo e ainda acontecerá é Cristo morando em mim, fazendo de mim a Sua morada. Mesmo que minha casa esteja em destroços, aqui está Ele, porque pediu para entrar, desejou que eu fosse a Sua casa, e chegou o momento em que aceitei sem pestanejar.

 Em muitos momentos me perguntei por que muitas das pessoas que passaram em minha vida, que amei, das quais fui amigo, e que me ensinaram sobre Cristo ou me inspiraram a ser santo, nunca me ofereceram uma oração. Por que nunca ouvi as mesmas palavras que eu usava para confortá-las? Por que não me mostraram o evangelho? E por que eu as amei tanto? Aprendi a amar cada defeito, guardei segredos, escrevi, fui amigo, mas nunca cheguei a me abrir de verdade, a dizer: "Eu preciso de ajuda". Mesmo rodeado de pessoas, me sentia sozinho. Eu me fazia ser sozinho, porque sabia que nada mudaria. Eu as entendia, mas não era entendido. Eu gritava e não era resgatado, não era ouvido. Era um esforço tentar ouvi-las e saber o que dizer. Talvez seja um dom, e eu não poderia esperar que tivessem os mesmos dons que eu, ou que me entendessem como eu as entendia. Mas a verdade é que nunca as ajudei de fato. Ousei palavras de amor, mas o amor não estava nas palavras, e o amor não era amado.

Não serei hipócrita em dizer que ofereci o Amado. Eu nunca as salvei de nada, não evitei suas quedas, e o que entreguei foi falso, era vazio. Não existia graça em mim. Queria ser salvo tanto quanto elas. Era uma ovelha imatura e perdida, igualmente. A realidade é que eu não fazia a menor ideia do que estava fazendo com essas pessoas. Acreditei realmente que poderia fazer algo por elas, mas o que fiz nem sequer era real. Quem realmente se salvava eram elas mesmas. Era a força que existia dentro delas antes mesmo de eu chegar a existir em suas vidas e dizer algo. Era Cristo que as segurava e as impedia de se perder, ou o nada as guiava.

Dizendo essas palavras, parece que houve uma ajuda mútua, uma assistência perfeita de um amigo, alguém que as amou e que existiam conversas que elevavam as amizades e aquele amor por elas. De fato, existiram momentos assim, mas foram poucos. O que realmente acontecia eram divergências, jovens perdidos que acreditavam que o mundo era nosso e que poderíamos fazer o que quiséssemos, que poderíamos viver com nossas próprias leis, do jeito que queríamos. Acreditávamos que nossas amizades seriam diferentes de todas as outras, mas, no fim, tudo desmoronou. Os nomes dessas pessoas desaparecem com o tempo, tornam-se fumaça na memória. Na mente, tornam-se vazios. Poderia ter amado de fato, mas era uma gota do amor verdadeiro. Tudo não passou de simulações de uma amizade, pois amizades verdadeiras nunca chegam ao fim. Elas são eternas até o fim. Um amigo de fato segura suas mãos no hospital, no funeral, e a realidade pode ser cruel. Em minha vida, aceitei que nenhuma dessas pessoas correu até o hospital, segurou minhas mãos ou derramou lágrimas ao ver o fim da minha vida. Elas não estarão lá, porque não estão aqui agora. Não vão ler esta carta, e, se lerem, peço perdão. Posso dizer que estou certo em minhas palavras, pois a grande parte delas nem sequer sabe quem eu sou.

Por que falo tanto em morte? Por que em meus poemas falo tanto do meu fim? Pelo simples fato de todas as minhas respostas estarem na morte. É o fim de todo sofrimento que vivo, para nascer de novo. É a esperança na morte, é o abrir da cortina até Cristo. A minha esperança está na minha morte, para renascer. A morte não é o fim, mas o começo de uma vida plena, onde finalmente serei entendido, onde finalmente serei resgatado. Até lá, continuo caminhando, tentando aprender a amar de verdade, a ser amigo de verdade, e a encontrar a graça que tanto busco. A morte não é o fim, mas a porta para a eternidade. E nela, espero encontrar não apenas Cristo, mas também a redenção de tudo o que falhei em ser.

"Porque, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro." (Filipenses 1,21)"

H.a.a.

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