Carta de um católico: para meus vizinhos

O ano está se encerrando, e a terra, como sempre, completa mais uma de suas voltas em torno do sol. Durante este período, me vi refletindo sobre os meus vizinhos. Ao longo da minha vida, observei alguns deles partirem para outras cidades, alguns para o além, outros apenas para lugares distantes, sem mais retornar, enquanto outros, graças a Deus, puderam voltar. Pensei nos momentos que vivi ao lado deles, especialmente os vizinhos da casa de baixo. Aquele lar, ao longo dos anos, passou por tantas mudanças e adaptações para acolher o crescimento da família.

Não consigo deixar de recordar o antigo portão de madeira (mesmo que talvez nunca tenha existido e seja apenas fruto da minha memória falha de infância), o pequeno degrau que ficava na entrada, o chão de terra batida e a árvore que havia na calçada. Tenho a sensação de que essa árvore jamais foi removida, pois, em minhas lembranças, ela permanece lá, de pé, como uma sentinela do passado.

Quando fecho os olhos para revisitar esses momentos, vejo claramente os rostos dos meus vizinhos. Como poderia ser diferente? Eles fizeram parte da minha vida em tantas ocasiões e ainda hoje, mesmo que com menos frequência, continuam presentes.

Essas não são apenas memórias; eles foram fundamentais para meu crescimento como pessoa. Se brinquei, foi porque eles estavam lá, na rua, sendo crianças comigo. Aprendi a jogar bola com eles, dividi o controle do videogame com eles e, com eles, descobri o valor de compartilhar. Em muitos momentos, não éramos apenas vizinhos. Éramos amigos. Mais do que isso, éramos irmãos. E ainda hoje, essa consideração permanece. Não podemos deixar de ser irmãos daqueles que amamos, daqueles que estenderam a mão quando mais precisamos. Quando minha família precisou, foram eles que estavam lá, prontos a ajudar. Por isso e por tantas outras razões, eles permanecem guardados no meu coração.

Palavras ou textos, como este que escrevo agora, jamais serão suficientes para expressar minha gratidão. Um simples “obrigado” não faz jus ao que quero dizer. No entanto, lembro-me das palavras de São Paulo em 1 Tessalonicenses 5:18: “Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”. Por isso, agradeço pelos bons vizinhos que Deus colocou em minha vida antes mesmo de eu existir. Não quero apenas dizer "obrigado", mas também orar por cada um deles, especialmente por aqueles que estiveram presentes em todos os momentos mais difíceis da minha vida. Como nos ensina 1 Timóteo 2:1: “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens”.

Há alguns dias, comemoramos o aniversário de uma pessoa muito especial. Ao escrever estas palavras, penso nela e em toda a sua família. Sou eternamente grato, não apenas pelos objetos ou pela comida que me emprestaram em momentos de necessidade, mas pela força que me deram, pela disposição de carregar fardos que eu não conseguia suportar sozinho. Para alguém como eu, isso significa mais do que qualquer coisa. Não se tratava apenas de carregar o meu corpo, mas de demonstrar amor ao próximo, seguindo o ensinamento de Cristo. Como está escrito em Mateus 25:35-36: “Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era estrangeiro, e me acolhestes; estava nu, e me vestistes; adoeci, e cuidastes de mim”.

Essas ações não foram feitas por vaidade ou obrigação, mas porque, como verdadeiros irmãos, eles reconheceram a necessidade e se dispuseram a ajudar. E o que posso oferecer em troca? Minhas orações, que são o maior ato de amor que posso realizar. Oro para que Cristo abençoe cada um deles e recompense suas boas ações, porque sei que tudo o que fizeram, fizeram também para a glória de Deus. Como nos ensina Jesus, “todas as vezes que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25:40).

À pessoa que considero tão especial, enquanto lê estas palavras, desejo que tenha fé. Minhas orações incluem você e toda a sua família. Peço a intercessão da Santíssima Virgem Maria, dos santos, e em particular de São Nicolau, para que Deus proteja seus filhos e sobrinhos. Nunca estarão desamparados, pois Cristo caminha com eles e os livrará de todo perigo. Mesmo nos momentos de maior escuridão, quando parece difícil encontrar Deus, lembre-se: Ele está ao seu lado, sustentando você. Deus é fiel às Suas promessas, e toda força que você perdeu será restaurada. Ele atrai você para perto d’Ele e pede apenas que O ame com todo o coração.

Nossa Senhora reconhece os esforços que você faz e sabe que você é uma mãe incrível, criando filhos especiais que um dia serão exemplos de homens bondosos, prontos a estender a mão ao próximo, assim como você, o pai deles, os tios e os avós sempre fizeram. Você não é apenas mãe, mas também amiga, esposa, companheira e, acima de tudo, serva de Cristo, profundamente amada por Ele.

Peço a Cristo que abençoe todos os momentos da sua vida, conceda bons sonhos e grandes recompensas por todo amor que você entregou ao próximo. Que a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo e o amor de Maria estejam sempre com você e com sua família. Amém!

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

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