Trecho do meu livro: "O meu Demônio de todos os dias"
Eu sangrava demais, não sabia o que fazer, apenas sentia, não dizia, não expressava, e foi então que conheci a poesia.
Não era uma simples poesia; quem escrevia era um palhaço.
Não um palhaço de circo ou de hospital, mas aquele que fazia sorrir, fazia viver.
Crianças pequenas com câncer aprendendo a se curar. Eu também me curei.
Ainda sangro, não com sangue, mas com poesia.
O que aprendi com a arte de escrever é que aceitei a morte.
Eu a compreendi.
De tanto repetir, tornou-se natural.
O que pode ser assustador para você se tornou comum para mim.
Não é o câncer que vai me matar.
Também é mortal.
A distrofia não é de distrofina; é de destroços.
Porque para viver, tive que retirar os tijolos.
Ainda os retiro.
Porque todas as vezes que quero viver, há destroços para retirar.
H.a.a.
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